O Secretário de Estado americano Marco Rubio anunciou nesta segunda-feira (1º) o fim oficial da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), em uma das mais significativas reformas da política externa americana desde o fim da Guerra Fria. A partir de agora, todos os programas de assistência externa serão administrados diretamente pelo Departamento de Estado sob a doutrina “America First”.
Em um comunicado intitulado “Tornando a Ajuda Externa Grande Novamente”, Rubio justificou a decisão com dados que demonstram o fracasso da USAID em promover os interesses americanos ao longo de décadas de operação. Segundo o secretário, a agência gastou mais de $715 bilhões ajustados pela inflação e “tem pouco a mostrar desde o fim da Guerra Fria”.
Fracasso na África e Oriente Médio
Os números apresentados por Rubio são contundentes. Em 2023, as nações da África subsaariana votaram com os Estados Unidos apenas 29% das vezes em resoluções essenciais na ONU, apesar de ter recebido $165 bilhões em desembolsos desde 1991 — “a menor taxa do mundo”, segundo o documento.
No Oriente Médio e Norte da África, mais de $89 bilhões investidos deixaram os EUA com classificações de favorabilidade menores que a China em todas as nações, exceto Marrocos. O caso mais emblemático são os $9,3 bilhões gastos em Gaza e na Cisjordânia desde 1991, cujos beneficiários incluíram aliados do Hamas, produzindo “queixas em vez de gratidão em relação aos Estados Unidos”.
Críticas ao “complexo industrial de ONGs”
Rubio foi particularmente duro ao criticar o que chamou de “complexo industrial de ONGs que se espalha pelo mundo às custas dos contribuintes”. Segundo o secretário, “os únicos que viviam bem eram os executivos das incontáveis ONGs, que frequentemente desfrutavam de estilos de vida cinco estrelas financiados pelos contribuintes americanos, enquanto aqueles que eles pretendiam ajudar ficavam ainda mais para trás”.
O secretário acusou a USAID de ver “seu eleitorado como as Nações Unidas, ONGs multinacionais e a comunidade global mais ampla — não os contribuintes dos EUA”. Além disso, criticou a promoção de “ideais e grupos anti-americanos, desde ‘DEI’ global, censura e operações de mudança de regime, até ONGs e organizações internacionais em conluio com a China Comunista”.
Nova filosofia: comércio, não ajuda
A nova abordagem priorizará “comércio sobre ajuda, oportunidade sobre dependência, e investimento sobre assistência”. Rubio citou exemplos de países que preferem investimento a assistência, como um zambiano que disse ser “mais útil para seus compatriotas aprender a pescar do que ser supridos com peixes pelo Governo dos EUA”.
Onde antes havia “um arco-íris de logos não identificáveis na ajuda que salva vidas, agora haverá um símbolo reconhecível: a bandeira americana”, garantindo que os beneficiários saibam que a assistência é “um investimento do povo americano”.
Mudanças estruturais
A reforma inclui a consolidação de “contas de apropriações fragmentadas para construir pools de fundos mais flexíveis e dinâmicos” e a eliminação de “processos burocráticos para mover mais rapidamente e responder a crises em tempo real”.
Os programas de assistência externa que se alinharem com as políticas da administração Trump e que promoverem os interesses americanos continuarão, mas agora sob administração direta do Departamento de Estado, “onde serão entregues com mais responsabilidade, estratégia e eficiência”.
Impacto geopolítico
Rubio afirmou que o novo modelo colocará os EUA “em uma posição mais forte para combater o modelo de ajuda exploratório da China e promover nossos interesses estratégicos em regiões-chave ao redor do mundo”.
A mudança representa uma ruptura fundamental na forma como os Estados Unidos conduzem sua política de desenvolvimento internacional, sinalizando o fim de décadas de abordagem multilateral em favor de uma estratégia mais nacionalista e bilateral.
Para Rubio, 1º de julho marca “o início de uma nova era de parceria global, paz, investimento e prosperidade” sob a filosofia America First da administração Trump.
Fonte U.S. Department of State