Ex-assessor de Moraes afirma que gabinete monitorava ilegalmente opositores políticos

Eduardo Tagliaferro diz que recebeu ordens diretas para investigar nomes ligados à direita e promete revelar bastidores

31/07/2025 12h06 - Atualizado há 23 horas
Ex-assessor de Moraes afirma que gabinete monitorava ilegalmente opositores políticos
O ministro do STF, Alexandre de Moares junto a seu ex-assessor, Eduardo Tagliaferro Foto: Reprodução/Instagram

Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, afirmou nesta quarta-feira (30) que irá divulgar informações comprometedoras sobre o período em que atuou dentro do gabinete do magistrado. Atualmente fora do país, residindo na Itália, Tagliaferro deu entrevista à revista Timeline, na qual revelou que foi orientado diretamente por Moraes a monitorar e investigar pessoas com ligações à direita política.

“Eu tenho bastante coisa… tem algumas coisas fraudulentas, ele vai assistir e ele sabe do que eu estou falando”, declarou o ex-assessor, que também afirmou possuir provas de conversas que envolveriam inclusive a Procuradoria-Geral da República (PGR).

Segundo ele, o suposto monitoramento não era isolado. “Em Brasília, não é cada um por si, é um grupo terrível”, disse, se referindo a um possível esquema de vigilância ilegal direcionado a opositores do governo federal.

Tagliaferro é engenheiro e advogado, formado pela Universidade Paulista, e foi nomeado por Moraes para chefiar a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2022. Em maio deste ano, ele foi indiciado pela Polícia Federal por violação de sigilo funcional com prejuízo à administração pública, sendo acusado de divulgar diálogos internos entre servidores do TSE e do STF.

Para a PF, o ex-assessor teria agido de forma “consciente e voluntária” ao violar informações confidenciais, contrariando os deveres do cargo de confiança que ocupava na Corte Eleitoral.

Recentemente, Alexandre de Moraes negou que Tagliaferro pudesse depor como testemunha de defesa no processo que investiga o ex-assessor da Presidência, Filipe Martins, no caso da suposta tentativa de golpe. A justificativa foi baseada em jurisprudência do STF, que impede depoimentos de pessoas que também estejam sob investigação.

As declarações de Tagliaferro devem intensificar os debates sobre a atuação institucional dentro do STF e levantar questionamentos sobre o uso de estruturas oficiais para fins políticos. Até o momento, não houve manifestação oficial por parte de Alexandre de Moraes ou da Procuradoria-Geral da República.


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