Mais uma operação policial ganha os holofotes midiáticos, desta vez o alvo são influenciadores que supostamente divulgam jogos de apostas e jogos online não registradas. Ao contrário da narrativa predominante, que tem direcionado discussões nas redes sociais e em alguns veículos de comunicação, sob o argumento de “proteger a saúde financeira dos usuários”, este caso abre espaço para um debate mais amplo sobre.
Não é incomum encontrarmos diversos produtos com alto poder viciante e prejudicial à saúde humana, como o álcool, o tabaco e até mesmo as próprias casas de apostas, tão citadas atualmente. Porém, em todos esses casos, há exceções quando existe uma “autorização” do governo, autorização que, em contrapartida, gera arrecadação de impostos.
Com a repercussão das notícias, começaram as críticas, ataques e condenação por parte de influenciadores e até alguns jornalistas e veículos de impressa, que condenaram a conduta dos influenciados que fazem publicidades para casa de apostas, e por incentivo à prática do “jogo do tigrinho”, alegando que esses influenciadores geram prejuízos e enriquecem as custas das percas dos usuários. Mas é, no mínimo, uma postura contraditória de alguns desses mesmos nomes, que simplesmente deixem de criticar ou denunciar erros da administração pública por receberem verbas de publicidade. Isso é benéfico aos leitores, seguidores e cidadãos? Fechar os olhos e elogiar autoridades enquanto a população sofre para conseguir um atendimento médico é ajudar seus seguidores?
Na cidade de Campos, o alvo foi a influenciadora Tailane Garcia, que tem origem do Parque Lebret, em Guarus. Tailane construiu sua relevância nas redes sociais muito antes de a indústria dos cassinos online atingir o patamar de popularidade atual. Reconhecida por seu carisma e vídeos de humor, ela conquistou um público fiel e já participou de diversas campanhas publicitárias para marcas expressivas da cidade, além de ter aparecido em programas de televisão, como o Programa da Eliana. Sua imagem sempre esteve associada à leveza e ao entretenimento, e não a polêmicas.
De forma explícita, vemos plataformas de apostas que exibem patrocínios milionários em eventos esportivos, times de futebol, anúncios em televisão aberta e campanhas com celebridades de alcance nacional.
Outro ponto curioso é que, em um país que possui tecnologia e estrutura para identificar, monitorar e punir indivíduos por simples manifestações ou ideologias políticas, não se vê o mesmo empenho para bloquear o acesso às plataformas “não autorizadas”. E mais: se há agilidade para operações contra influenciadores, por que casos de grande impacto social, como o rombo bilionário no INSS, avançam com tanta lentidão?
Em nota, a defesa de Tailane Garcia reforçou que ela não foi acusada formalmente nem condenada. O processo está em fase inicial e a influenciadora colabora integralmente com as autoridades. Os advogados destacaram que toda a sua atuação profissional sempre ocorreu dentro da legalidade e que qualquer informação falsa ou caluniosa poderá resultar em medidas judiciais.
Até o momento, não há qualquer medida restritiva contra Tailane. A expectativa da defesa é de que a conclusão do caso comprove sua inocência, preservando não apenas sua carreira, mas também a trajetória construída ao longo de anos com dedicação e respeito ao público.