Mais uma vez, as blitzes na cidade de Campos ganham destaque e são alvo de muitas reclamações nas redes sociais.
Dois vídeos publicados no Instagram @fiscal_do_povo_oficial tiveram grande repercussão após condutores terem suas motocicletas removidas. As cenas mostram uma mulher revoltada que, em protesto, tenta quebrar o próprio veículo. Em outra gravação, que impactou bastante, aparece um condutor que afirma ter sua moto apreendida mesmo após sanar as irregularidades no local. No vídeo, ele demonstra desespero e indignação ao relatar que sua filha estava internada no Hospital Geral de Guarus, que o pneu e a viseira do capacete estavam com ele, e mesmo assim o agente determinou a remoção da motocicleta. Em seguida, o condutor acabou detido e levado à delegacia por desacato, após chamar o agente de “babaca”.
As blitzes em Campos se intensificaram após o pleito eleitoral municipal. Isso acontece em um cenário em que a prefeitura licitou a contratação de reboques e passou a contar com pátio próprio. Ao mesmo tempo, a Guarda Municipal, que há tempos sofria com efetivo defasado e até chegou a ter o telefone 153 inoperante, de repente teve o quadro reforçado.
Enquanto as operações reúnem um efetivo maior da Guarda Civil Municipal, Secretaria de Ordem Pública e IMTT, as ruas seguem em clima de insegurança: dependentes químicos consumindo entorpecentes em plena luz do dia, em locais públicos; furtos a estabelecimentos; e uma sensação geral de abandono. Isso abre espaço para outra discussão: o nosso cenário político e eleitoral.
As ações das blitzes podem ser vistas de várias formas, chamadas de “covardia”, “arrecadatórias” ou “imorais”. Mas não são ilegais. Esse é o poder do Estado, e quem dá esse poder é o povo, com o voto. É o voto que define quem cria as leis, até onde o Estado pode ir e se suas ações serão fiscalizadas para coibir abusos. 2026 está chegando, e é hora de mostrar que você não faz parte do brasileiro de memória curta.
Escolha políticos comprometidos com o que você acredita. Se você acha injusto o licenciamento do veículo estar atrelado ao pagamento de IPVA e multas, o que gera remoções em blitzes, cobre soluções de quem vai te pedir votos. Cobre dos deputados federais e senadores uma alteração no CTB — não um “remendo”, mas uma mudança real. De nada adianta proibir a remoção por falta de pagamento do IPVA, mas manter o licenciamento condicionado a ele e, na blitz, apreender por falta do documento.
Outro ponto a observar é o valor do IPVA. No Rio de Janeiro, por exemplo, quem compra um veículo zero e paga esse imposto ano após ano, durante os próximos 15 anos. E, se troca por um modelo mais novo, esse período se estende conforme o ano de fabricação do veículo, tornando-se fosse um imposto eterno para quem está sempre buscando um veículo melhor. Cobre dos políticos uma revisão: redução, alteração ou até extinção desse formato.
Não adianta apenas se revoltar com o agente de trânsito. Ele deveria, sim, ter empatia e bom senso, mas, no fim das contas, ele é ou ao menos deveria ser apenas mais um cidadão sob as regras do mesmo Estado.